O Reiki é classificado pela Medicina Integrativa (MI) como uma Prática Complementar de Bem Estar (PCBE), que utiliza em suas abordagens a Energia Vital provinda dos aspectos emocionais e do pensamento. A subjetividade na geração de “bem estar” físico e mental pelo Reiki, não possui caráter científico, pois suas ações não podem ser aferidas por metodologias científicas convencionais. A MI evidencia os benefícios para os afeitos à pratica, mas ratifica que a mesma não substitui tratamentos convencionais e tampouco tenha efeito terapêutico no processo de saúde e doença aplicada de forma isolada.
A Inserção do Reiki na Medicina Integrativa
O Reiki é integrado à MI como PCBE, que utiliza práticas que viabilizam o foco de atenção na percepção dos estados alterados psicofísicos, por meio de relaxamento, estimulação da criatividade e percepção respiratória, favorecendo a sensação de bem estar, colaborando para conscientização do autocuidado e a co-responsabilidade aos tratamentos convencionais.
Essa prática não possui evidências sólidas científicas que promovam alterações fisiológicas significativas e mensuráveis. Isso não inviabiliza os efeitos de “bem estar” aos afeitos.
A MI ratifica em seus conceitos que não existe terapia inócua ao paciente e que a aplicação de qualquer técnica convencional, associada às demais técnicas e práticas, deve possuir um diagnóstico nosológico médico.
A SBMI entende a necessidade de formação técnica profissional para o discernimento da indicação, aplicação, encaminhamento e evolução clínica, na utilização das técnicas e práticas no modelo integrativo, resguardando assim possíveis agravos clínicos e os riscos físicos e psíquicos do uso inadequado das terapias.
Integração Médica com o Reiki
O Reiki constitui um sistema de técnicas de imposição das mãos, utilizado no tratamento do corpo físico nos processos mentais e emocionais. Considerado uma prática complementar em saúde (Portaria n° 702, 2017), auxilia no equilíbrio das emoções, percebendo o indivíduo de forma integral (Ferreira, 2018). A saúde, consequentemente, é o equilíbrio entre o corpo físico e entre a harmonia mental, emocional e espiritual (Ferreira, 2018).
Esta terapia é oferecida a indivíduos em situação de saúde e de doença, pois a mobilização de energia vital beneficia o indivíduo com um todo (Miles, True, 2003; Wardell, Engebretson, 2001).
O desenvolvimento desta técnica, baseada na imposição das mãos, se deu por Mikao Usui em 1922 em Tókio, onde criou a Usui Reiki Ryoho Gakkai (Sociedade do Sistema Usui de Reiki). O hábito e a prática de imposição de mãos é uma reação instintiva do ser humano na intenção de diminuir dores, acalmar e confortar emocionalmente o indivíduo submetido a terapia (Miles, True, 2003).
O médico psicanalista Dr. Franz Alexander, relata em seus trabalhos que situações emocionais simples ou complexas produzem impulsos nervosos os quais segundo as suas propriedades permeiam fenômenos fisiológicos, tais estímulos podem gerar variações fisiológicas ou no processo fisiológico como um todo (Oliveira, 2013). Distúrbios emocionais prolongados podem interferir no processo saúde-doença, sendo capaz de provocar disturbios crônicos do corpo fisico instaurando a doença em sua singularidade (Franz, 1989).
Cotidianamente, situações de caráter psicoemocional quando mal processadas, amplificam o estresse do individuo criando tensões musculares que propriciam inflamações miofasciais, ocorrendo possiveis alterações na neurofuncionalidade, que envolvem neuromediadores, neurotransmissores e transdutores de sinais, em uma infinidade de sinapses que se comunicam da forma mais aleatória em rede, abarcando uma complexidade etiológica de patologias, como a dor (Rodríguez et al., 2012).
O Reiki vem sendo utilizado para o auxílio do controle de processos dolorosos em doenças crônicas, além de promoção de cicatrização, promoção de bem-estar e controle da ansiedade, depressão, estresse, entre outros (Vitale, 2007).
A pesquisadora Joan Engebreston, da University of Texas Health Science Center em Houston (2001), demonstrou que a aplicação de Reiki promove significativa redução dos níveis de ansiedade, que foram comprovadas avaliando os efeitos bioquímicos, fisiológicos e nas diminuições dos padrões eletromiográficos em resposta a atenuação do estresse e tensões musculares dos indivíduos submetidos a pesquisa (Wardell, Engebretson, 2001).
O envelhecimento em plena senescência é almejado por todo individuo, com isso, fatores fisiopatológicos promovidos pela senilidade devem ser atenuados, principalmente fatores inflamatórios e psicológicos como níveis de estresse, depressão e ansiedade. A utilização da terapêutica Reiki vem demonstrando alterações psicofisiológicas que corroboram na promoção de uma vida com qualidade de idosos submetidos a pesquisa desta prática terapêutica (Oliveira, 2013).
O Reiki vem sendo estudado em várias linhas de pesquisas por diversas instituições no país. Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o médico pesquisador Dr. Charles Dalcanale Tesser, professor do Programa de pós-graduação em Saúde Coletiva e nas áreas de práticas complementares. Outras universidades como a Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolvem pesquisas sobre esta prática complementar de bem-estar (PCBE).
O Hospital Sírio-Libanês possui um departamento de Cuidados Integrativos, tendo o Reiki no conjunto de suas práticas complementares, sua coordenação é realizada pelo mestre de Reiki Plinio Cutait. A especialista em hematologia Dra. Regina Fumanti Chamon, do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, refere os benefícios da utilização do Reiki para aliviar os sintomas de ansiedade, depressão e outras manifestações físicas e emocionais, comuns durante o período de tratamento de quimioterapia.
As principais entidades de informação e formação sobre o Reiki no Brasil são a Associação Brasileira de Reiki e a Sociedade de Reiki Mikao Usui.
Referências:
- Alexander F. Medicina Psicossomática. Artes Médicas. Porto Alegre, 1989.
- Ferreira RSS. Reiki: Uma Abordagem Do Ponto De Vista Das Emoções. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciências das Religiões). UFPB – Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, 2018.
- Miles P, True G. Reiki – review of a biofield therapy history, theory, practice, and research. Altern Ther Health Med. 9(2):62-72, 2003.
- Oliveira RMJ. Efeitos da prática do Reiki sobre aspectos psicofisiológicos e de qualidade de vida de idosos com sintomas de estresse: estudo placebo e randomizado. 2013. 191 f. Dissertação (Doutorado em Ciências) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, 2013.
- Portaria nº 702 de 21 de março de 2018. (2018). Altera a Portaria de Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para incluir novas práticas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares-PNPIC. Brasília, DF: Ministério da Saúde.
- Rodríguez LD, Morales MA, Penãs CF de lãs, Lafuente FG, Royo CG, Rojas IT. Immediate Effects of Reiki on Heart Rate Variability, Cortisol Levels, and Body Temperature in Health Care Professionals With Burnout. Biological Research for Nursing 13(4): 376-382, 2012.
- Vitale A. An Integrative Review of Reiki Touch Therapy Research. Holistic Nursing Practice 21(4):167-179, 2007.
- Wardell DW, Engebretson J. Biological correlates of Reiki touch on healing. J Adv Nurs. 33:439-445, 2001.